quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Psicologismo do tempo

Quanto mistério existe em uma vida! - pensa Clarice, moça educada, de família tradicional, embora não tenha significado algum o termo tradicional neste ano de 2008. Está sentada em frente a um jardim com design psicodélico e não-convencional. A visão que se sobressai são das plantas belíssimas mergulhadas em água limpa, da família Nymphaeales - poderia falar mais se entendesse a biologia das plantas.

Renunciar ao sonho de uma profissão digna? Jamais! - resmunga, segurando um livro que está entre suas mãos - Quantas lutas a humanidade não travou pelas crenças de um mundo melhor? Foram necessárias mulheres de diversas nacionalidades lutar por um ideal, tentando assim espaço semelhante ao dos homens. E o que diria Martin Luther King se visse que seu sonho de liberdade e igualdade não passou de um discurso feito em 1963? Adiantaria a fé e contribuições de Timothy Leary na ciência do cérebro? Sim, porque ser o Guru do LSD nos anos 60 não deveria ser uma atividade muito fácil. Ter uma cabeça retirada de seu corpo e congelada deve ter sido um ato extremista para a posteridade, talvez seja isso. Apesar de sua visão sempre estar no futuro e fascinado com a tecnologia que nos torna hoje seres comandados, deixou suas marcas impressas em diversos livros. Sou suspeita, gosto do Martin e do Timothy.

As páginas desse livro esboçam uma arrogância sem igual! Quem quer saber de passado? - levanta-se e lentamente segue para o jardim, passo-a-passo, bem calmamente.

Queria saber o que se passa na mente de um escritor que decide compartilhar com a humanidade uma mente tão abstrata. Creio que a vaidade deve ter sustentado egos por aí na absoluta certeza de que foram importantes. Ora só, todos precisam se sentir úteis, não é mesmo? Admiro a força de Jorge Luis Borges que mesmo cego não esmoreceu. Um grande ser humano! E Ludwig van Beethoven que mesmo quase surdo continuou compondo tantos sons. Sou fã incondicional de quem consegue mesmo diante de tanto revés se superar.

Atordoa-me tantas coisas, infinitos infortúnios que temos de suportar com classe. Quem assume de peito estufado e orgulhoso ter um doido em sua família perfeita e sem desvios morais? Todos devem ter um louco na família, até Marilyn Monroe! Fico imaginando como deve ser traumático para somente alguns. O fato é que pra Marilyn o sucesso veio rápido e não deu pra ficar ruminando muito tempo em suas origens. Está certo: o tempo é relativo, dizia Einstein.

Clarice continua vagando pelo vasto jardim e seus pensamentos fluem perdidos sem ter onde e em quem soar. Distante da casa, percebe uma cor predominante naqueles seres humanos, todos estão vestidos de branco. O que pensa Clarice sobre o mundo importará a alguém? É só mais uma na Cidade dos Loucos.

Link: Um novo tempo

Um comentário:

Cristiana Passinato disse...

Oi Vanessa, dê 1 olhada no Caderno R dessa quinzena: http://www.cadernor.com.br
Beijos,
Cris